segunda-feira, 15 de agosto de 2011

João Paraibano



João Paraibano nasceu em Princesa Isabel, na Paraíba, mas está radicado em Afogados da Ingazeira, em Pernambuco. João é cantador de viola, e para muitos hoje ele é imbatível quando o assunto da cantoria é o sertão, onde nasceu e foi criado. Entre os seus discos, destacam-se "Encontro com a Poesia" - com a participação de Valdir Teles, Sebastião da Silva e Sebastião Dias - e "A Arte da Cantoria" - com Ivanildo Vilanova.

Alguns improvisos avulsos de João:

Vi o fantasma da seca
Transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.

Terreno ruim não dá fruto,
Por mais que a gente cultive,
No seu céu eu nunca fui,
Sua estrela eu nunca tive,
Que o espinho não se hospeda,
Na mansão que a rosa vive.

A juventude não dá
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria

Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça

Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.

Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.


Num certo pé-de-parede em julho de 2009 João Paraibano declama pra Jorge, a sua dupla:

Eu fico em sua direita
Pra que voce me conquiste
Deus rasga as trevas da noite
Pra que o mundo me aviste
Viola chora sem lágrima
Mas consola quem ta triste


No vídeo abaixo, os poetas repentistas Valdir Teles e João Paraibano em São Paulo na "Cachaçaria 500" glosando o mote:

“Deus me deu esse dom sem cobrar nada
se eu deixar de cantar é covardia”.

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