segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Soneto e o Poeta

Com vocês, Vinícius Gregório:


EU E O GALO DE CAMPINA


Triste sina a de um galo de campina
Que era alegre bem antes da prisão
Mas foi pego nas grades de um alçapão
E hoje chora num canto a triste sina

Eu também tive a sina repentina
É que um dia fui livre e hoje não
Na tristesa esse galo é meu irmão
Minha sina é da dele cópia fina

Hoje a casa do galo é a gaiola
Notas tristes no canto é que ele sola
A saudade do galo a vastidão

O meu canto é um canto de lamento
A gaiola é o meu apartamento
E a saudade que sinto é do sertão.

(Vinícius Gregorio)


INCOMPREENSÃO

Não bastasse viver sempre trancado,
Dói no peito o que fez o meu vizinho:
Confinou um pequeno passarinho
Pra viver feito ele, engaiolado...

Num cubículo escondido e abafado
Vive o homem, que acorda bem cedinho
Pra cuidar do seu prisioneirozinho
Que está preso, mas não fez nada errado.

Vive o homem jurando que ele canta,
Mas só ouço sair pela garganta
Gritos secos de dor e de saudade...

Ele jura que o canto é de contente,
Mas só ele não vê que é, claramente,
Um protesto por sua liberdade.

(Vinícius Gregorio)

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